Tempo de Comemorar
- barbarablanco
- Nov 22, 2018
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As diferentes tradições culturais e religiosas nas festividades de fim de ano
Ana Luiza Xavier
Bárbara Blanco

Com o final do ano se aproximando, começamos a pensar na Ceia de Natal, mas essa não é a realidade para muitos. Existem várias outras práticas e significados para essas datas e isso vai depender da sua cultura e religião.
A visibilidade de outras religiões é perdida, uma vez que o Brasil é majoritariamente formado por católicos, somando só em São Paulo 60%, enquanto outras como budismo, espiritismo, judaísmo e afrobrasileiras totalizam 9% da população paulistana, por isso o Acontece foi atrás de descobrir um pouco mais sobre essa diversidade cultural.
Entrevistamos um budista, um umbandista e um judeu, utilizando as mesmas perguntas a fim de comparar suas crenças em determinadas festividades. São eles, respectivamente, Ana Cristina Aguilar (44), Almir Sanches (51) e Brenda Bilman (33).
Os entrevistados expuseram um pouco sobre as datas mais importantes para cada um deles dentro de suas religiões. Por exemplo, para os budistas uma das datas mais importantes é o 23 de abril que é comemorado a revelação do mantra “Nam-myoho-renge-kyo” pelo Buda Nitiren. Já para Almir Sanches, do umbandismo, a data que ele considera mais significante é o 15 de Novembro, Dia Nacional da Umbanda. Brenda Bilman, judia, considera ser o Yom Kipur, dia do perdão no qual os judeus fazem um jejum de 24 horas.
A reportagem organizou as respostas dadas por eles por festividades, para deixar mais evidente as diferentes visões sob as datas tão famosas para os católicos.
NATAL
Cristina conta que para um budista o dia 25 de dezembro não tem relação com o aniversário de Cristo, pois isso seria ir contra os preceitos budistas, que acreditam que o objetivo dessa data é a celebração a famÍlia, a vida. Os familiares e amigos se reúnem para expressar sua gratidão ao Universo pelo dia a dia.
Almir, sacerdote umbandista, explica que sua religião tem em sua origem certa base no catolicismo, “o que leva a comemoração do Natal a ser algo absolutamente natural para todos”. Ele conta que nesse dia, os umbandistas costumam agradecer ao Pai Oxalá, que para os católicos seria Cristo, acendem uma vela branca e pedem mais amor e união para nosso planeta. Para o sacerdote, não existe outra data que se compare com a importância da comemorada no dia 25 de dezembro.
Por outro lado, Brenda afirma que nesse dia ela segue sua rotina normal, pois para os judeus não há significado nenhum o Natal, uma vez que, para eles, Deus não pode ser personificado ou ter um filho humano que representa divindade.
ANO NOVO
Segundo Cristina, o Ano Novo é a data que mais se assemelha, quanto à importância, ao Natal: “O budismo nos ensina a importância do constante espírito do começar de novo. Nossa decisão de ano novo é muito significativa e representa o início de um novo ciclo, novos planos, mudanças”.
Para o sacerdote umbandista, a virada do ano representa de duas, uma: “hipocrisia de sentimentos ou oportunidade de renovação positiva”. Ele afirma que na sua crença, se todas as promessas fossem mantidas ao longo do ano todo, a energia formada poderia mudar o curso do mundo. Entre seus ritos de passagem, encontram-se homenagens a Yemanjá, caso os fiéis estejam na praia. Se não, a tradição é acender uma vela e fazer uma oração, pedindo paz.
Brenda explica um pouco sobre como os judeus celebram a passagem de ano. Para eles, o Rosh Hashaná (Cabeça do Ano) marca o início e simboliza, metaforicamente, o cérebro. Esse é o momento para refletir sobre o que passou e o que pode melhorar.
CONTRA-PONTO
Entrevistamos um ateu, Rogério Bila (42), que nos contou como é passar por essas festividades sem possuir uma crença específica. “Comemorar nascimento de alguém divino não é comigo”, brinca. Ele afirma que geralmente as pessoas confundem o ateísmo com satanismo, quando na realidade o que ele faz é buscar um esclarecimento independente, pensar por si só. Para ele, todas as festividades como o Natal, “são meios de doutrinação em massa que viraram comércio há muito tempo”.
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